domingo, 21 de outubro de 2007

Começaram as limpezas!

Pois é, começámos a nossa obra! Esta é a primeira fase. A fase das limpezas... Quando assinámos o contrato-promessa, ficou explícito que a casa seria vendida “devoluta de pessoas e bens”. Infelizmente, ainda existiam uns monstros lá em casa e a vendedora ficou incumbida de os tirar de lá. É fácil! Liga-se para a Câmara e pede-se uma recolha de monstros. Eles geralmente passam à noitinha, por isso basta que se coloquem as coisas a recolher no passeio o mais tarde possível do dia marcado. A senhora contratou um trabalhador que esvaziasse a propriedade e hoje era o dia marcado. Tanta tralha, senhores!! Louças de casa-de-banho marcadas “Porto 1952”; pedaços e pedaços de madeira avulsos; latas ferrugentas; dezenas de garrafas de bebida, velhas, algumas meio abertas, outras vazias, que concentravam um estonteante cheiro a álcool rançoso, na área por baixo da marquise. Esta é uma zona que temos que manter desimpedida, caso seja preciso os bombeiros acederem às canalizações comuns do prédio. Lá debaixo havia de tudo! Um frigorífico, uma banheira e até esqueletos de gato, pomba e... morcego...! Enfim, eu avisei que aquele jardim era uma selva!!! Mas, pronto, o contratado já tirou de lá a tralha toda. Agora faltam as louças da casa-de-banho e o que resta da cozinha. Próximo passo... Picar paredes!
Mas hoje gostaria ainda de vos contar um episódio caricato que se passou outro dia num qualquer escritório da CML. Como quaisquer proprietários responsáveis, nós marcámos uma reunião com uma arquitecta da CML, para esclarecer o que realmente nos é ou não permitido fazer, quando remodelamos um apartamento. O disparate começou logo quando entrámos nos escritórios, onde ninguém conseguia localizar a pessoa com quem tínhamos marcado a reunião. Quase meia-hora passada da marcada, depois de muitos telefonemas a departamentos vários, começámos finalmente a conversa com a dita arquitecta. Basicamente, pelo que nos disseram, as obras no interior dos apartamentos não necessitam de licenciamento camarário. Apenas precisamos de entregar uma Comunicação Prévia, que informa a CML que decorrem obras naquele imóvel. As alterações às fachadas, frente ou trás, é que precisam de um projecto que seja aprovado pela Câmara. Nós queríamos esclarecer mesmo tudo para não termos surpresas e, apesar da arquitecta se mostrar muitos simpática, não estava minimamente interessada em nos elucidar. Repetia vezes sem conta “Digam ao vosso Arquitecto para me ligar”. Tantas vezes disse isso que começei a desconfiar que a senhora estava a atravessar um momento solitário na sua vida e queria desesperadamente que alguém lhe ligasse! Mas não parecia nada empenhada em nos atender. Queria nitidamente que lhe desamparássemos a loja. Pior ainda, acabou por nos confessar que a CML não tem pessoal para andar a fazer vistorias às obras! Eu acho é que nenhum de nós vai ser burro suficiente para confiar nela.
Saímos dali com a sensação que não termos ido tinha tido exactamente o mesmo efeito. As Câmaras querem que as obras sejam licenciadas, mas não querem ter o trabalho de as fiscalizar. Logo, querem que os munícipes se abstenham de lhes comunicar o que quer que seja, para que se realmente tiverem que fazer alguma coisa, ao menos que seja para multar alguém, que diabo!
Quem nos manda a nós ser cumpridores da lei???
xxx

1 comentário:

Anónimo disse...

Agora é mesmo assim: as obras de interior estão dispensadas de autorização. Mas foi porque a lei mudou recentemente. Se quiseres abrir uma janela, aí, a conversa é outra!