terça-feira, 23 de outubro de 2007

A nossa Vizinha Lisboa...

O Sr. Contratado e a sua Esposa continuam a trabalhar muito bem. As duas horas que fazem por dia estão a render. Já temos a casa quase toda limpa! Ou seja, “janelas” abertas em todas as paredes, casa-de-banho e cozinha todas fora e a Sra já começou o jardim. Amanhã levo-lhe umas ferramentas de jardinagem que tenho por aqui, a ver se a ajudam. O Sr. amanhã é que já deve ter um andaime para o ajudar a fazer os tectos e depois pode-se entreter a tirar da marquise a pseudo-wc que ainda lá está. A ver se no fim-de-semana já temos tudo, mesmo tudo, limpinho! Infelizmente, eu insisto em esqueçer-me da machine à photo para vos mostrar como a transformação está a correr. Vamos continuar a ter esperança, ok?
Mas hoje tivemos um pequeno contra-tempo. Assim que entrámos lá em casa, tentámos ligar a luz no quadro, que eu tinha deixado desligado, mas algo fez “TRÁU” e o quadro disparou! Voltei a tentar, mas as poucas luzes que ainda funcionam lá em casa, não acenderam. Andámos ali à volta do quadro uns minutinhos, até que entra no átrio do prédio o Marido da Vizinha! O Sr. Contratado diz muito rapidamente “Eli é letricissta! Chama ele!”. Atalhei com “Deixe lá o senhor em paz!”, desejei as “Boas tardes” aos Vizinhos e fechei a porta. Mas perguntei-me em que conversas terá o Sr. Contratado andado com os Vizinhos... Nomeadamente, com a Vizinha! É que a simpática senhora é doutorada em Dar À Língua! Por isso, difícil não deve ter sido. Outro dia, quando eu e o Proprietário andavamos pelo jardim, analisando as possiveis estratégias de limpeza daquele espaço, aparece no outro jardim a dita Vizinha, do R/C Esq, claro está. Apresenta-se, de longe, e deseja-nos “as maiores felicidades”. Ao ver que não nos afastavamos (enfim, estavamos em nossa casa!), aproximou-se do muro que nos divide e empoleirou-se para nos conseguir ver. Lá nos explicou que ali só vivem ela e o marido e que sobrevivem com 110 contos (na moeda antiga) por mês, os dois. Parece que tinham uma empresa (ainda não sabemos quê) mas ele teve um acidente muito grave e teve que deixar de trabalhar. Qualquer frase que a senhora quisesse dizer, começava sempre com “Somos pobres...”. Ofereceu-se para ajudar quando precisassemos e pareceu muito simpática.
Mas, vamos lá ver, estamos a falar de uma senhora reformada, que mora ali desde sempre e que tem que ocupar o seu tempo com alguma coisa! E qual é o seu passatempo favorito? Vá, atirem aí qualquer coisa! CERTO!! Coscuvilhice!! Por isso, uma pessoa tem que sempre ter cuidado.
Mas preocupou-se em saber se precisavamos de alguma coisa, especialmente se a tralha que está no jardim dela nos incomoda. Sinceramente, a gente nem sequer consegue ver o jardim dela, mas cá pr’a mim ela estava era a sondar se dava para a gente limpar o dela também. Tadita, apetece mesmo ligar para aquele programa que arranja as casas das outras pessoas (mesmo sem autorização de todos os donos!!) para lhe fazerem o jeitinho.
À saída, lá estava ela no seu poleiro, que é como quem diz, à janela. É lá que a vejo sempre que vou lá a casa. Ainda ontem estava a contar anedotas às amigas, daquelas que tinha visto na TV na noite anterior. Mas então a senhora vê-nos sair e logo faz o favor de nos apresentar à sua Amiga, que trabalha na clínica ao lado e que por sinal deve saber a vida toda, de todo o bairro e arredores! Também muito simpática, mas com a maior lata do mundo! Tratou logo de perguntar quanto é que tínhamos pago pela casa e porque é que tínhamos ido para ali. Eu confesso que congelei ao embater de frente naquele verdadeiro Alfa Pendular do descaramento! Felizmente, o Proprietário teve mais jogo de cintura e logo nos tirou daquela emboscada.
Enfim, já nos começámos a integrar no bairro. É sempre bom fazer amigos no sítio onde vivemos. Sentirmo-nos isolados é a pior sensação, infelizmente muito presente nas cidades grandes. Contudo, em Lisboa, nos bairros tradicionais, isso nunca aconteceria. As pessoas são genuínas, muito dadas e compreendem o que é viver em comunidade. Foi uma das razões que sempre me puxou de volta a Lisboa. Eu sempre quis voltar ao que conheci durante tantos anos. Fico feliz por certas coisas não terem mudado...
Xxx

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